Saudade

Os filamentos da saudade atravessam os tempos
os espaços e as muralhas das convenções sociais.
São bússolas gravadas num dó em contratempos
enrolados na tirania de quietos novelos anais.

São tripas que agitam o pensamento que acorda
a nostalgia morta de entre o urdo dos destroços.
A traslação das imagens que dum eu transborda
até à latitude de então que abre brios e remorsos.

É a música de outrora que por um tempo regurgita
através das dimensões dum destino arquitectado
nas orlas mais profundas dum juízo que se agita.

E se desprende na leitura intercalar da fita
enevoando a representação do existente fado
com dó ou com agrado a trama remota grita.

Fernando Oliveira

2 comentários:

angela disse...

A saudades é um vazio preenchido.
beijo

fernando oliveira disse...

Penso que a saudade é um estado de sitio que desperta de tempos em tempos. Uma necessidade.

obrigado Angela

Beijo