Metáfora

Eu sou Deus
a pátria e o montão
o pão e a faca.

Eu sou a gema...
a síntese do universo.

Sem mim!
não há cadafalsos
e a natureza chora no vazio.

Eu sou a loucura do barão.

Aquele apólogo
que se ideia pássaro
duma vida aquilina
e sufoca no aprumo da evolução.

Eu sou. Por mais não poder ser!.
O impulso.
A ideia da água que se estende na terra.

Tanta água
que exsudo e transudo,
como o vapor que sai da fonte e se abeira da areia.

Uma areia que não crê no mar!...

Então,
me abeiro da praia
e o cheiro do limo que me une no pé-de-vento do apego
da maresia.
Usufrui de mim e me chama.

Me subtrai à terra
me inunda e me ceifa.

Um grito selvagem ecoa no universo!...

Morreu Deus, o montão e a pátria.
Fechem o capitulo da evolução.
Já não há dentes para o pão.
Cravem a faca na terra.

Fernando Oliveira

2 comentários:

angela disse...

Muito denso, forte, lindo.
Angustiei-me ao final.
abraços

fernando oliveira disse...

A unicidade multiplicada à exaustão. obrigado angela pela leitura e comentário.
abraços