Mãos silvestres

As minhas mãos são ninhos de saudade
Cascas por onde deslizam gotas
e vivem boatos
que se esgueiram por entre os dedos

Alfanges de mãos
presas na árvore da sabedoria
parente do delírio

Dedos órfãos de caligrafia
que não dedilham capas
nem impressionam violões

Mas acariciam a árvore

Fernando Oliveira

2 comentários:

Efigênia Coutinho ( Mallemont ) disse...

Mãos silvestres

Quando você escreve:
As minhas mãos são ninhos de saudade;

Nos abre um sorriso, ao momento lido e sentido, como você escreveu bonito, Efigênia Coutinho

fernando oliveira disse...

carissima, as mãos e as árvores, são a mesma coisa, elas abraçam e elas abraçam, numa confusão de braços e de ramas, na poesia podemos casar com as árvores e estas colher os nossos frutos - conjunto metafórico -

obrigado pelos teus delicados e intuitivos comentários.

fernando