Pousai os olhos no verde prado
Olhai a sinfonia de cores do deserto
Escutai a canção da rama das florestas
Contemplai os movimentos do céu no lusco-fusco
Depois no sono
sonhai com estes versos em sintonia
Renunciai ao namoro da utopia
Sem noivado
casai directamente com a natureza
Avistai a aflição da escrivã
sentada no trono da inspiração
que vê voar capitulo a capitulo
o livro sem titulo
Nas veredas do infortúnio
o pedinte degusta uma cantiga
o menino cumprimenta o cão
perguntando à mãe pelo pai
Avistai o outeiro de olhares e chilreios
fantasiando na janela
A donzela que refaz a história da humanidade
doa-se ao amor com uma taça de teosofia
nos lábios
A esperança barriguda de convites
Fitai a borboleta que cabe no vosso olhar
e vos oferece um folguedo de sedas
que apontam para o espírito da flor
antes de emigrar para o verde-mar
Olhai o chão
é ali que reside a compilação do homem físico
Pisai o pó com delicadeza
é dele que vai nascer o meu irmão.
Fernando Oliveira
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