Entre as fraldas e o sudário

É agora que o grito soa
que a imagem para a saudade voa.

Correm lágrimas do berço para o cemitério
cessou o mistério.

Era antes um ser alguém
um rico déspota um Zé ninguém.

Uma pomba branca um chasco azougado
um mestiço fragoso que agora deitado.

Moureja a terra sem ar e sem luz
germina o esqueleto que não mais seduz.

E o grito maltratado que agora morna
jaz na saudade a única forma.

De abafar o mio da caducidade
o homem não faz falta à cidade.

Relatam os sábios que ele é pinga
como a chuva que cessa e respinga.

Fernando Oliveira

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