Inferência ao equívoco

Viste esposa, a saia que aquela tem
A blusa que sustenta - com alça
O porte que mais parece uma dança
Anda p’ra mim e p’ra mais ninguém!

Viste a touca que lhe cobre os cabelos
O sustentáculo dos seus peitos brancos
A arquitectura dos seus ombros francos
Que bamboleiem como barcos rabelos.

Viste nos dedos, a marca da saudade
Um anel de linho que rompe dia-a-dia
Uma antologia dissolvida sem piedade.

Proferes que viste, porque te referia
E eu tampouco descrevo a verdade
A mulher que mostro, é só todavia.

Fernando Oliveira

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