(9 de Novembro de 1938)
Eram tempos de vidros frágeis
e de pedras fortes.
O vento soprava em todas as direcções.
Não era um agora robusto.
A ideia pode ter brotado duma primavera
desfalcada na raiz
duma árvore entontecida no capricho de ventos passados.
Ventos que invadiram o arpoador de vidro dos judeus.
As cornetas tinham mudado de direcção
e os algozes crescidos em ramalhetes indistintos
jogavam xadrez com cavalos de cristal
e venciam os reis de areia.
Naquele hoje de espelhos artísticos
e chapéus mais altos que o cume de referência.
Fascistas e republicanos prendiam fulgores nos palácios dos vizinhos.
Ninguém sabia qual raça exterminar.
E Deus do alto da sua alegórica democracia.
Não sabia aplaudir
nem assobiar.
Fernando Oliveira
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