Depois mais nada

Morto nos beiços que não são lábios
era um beijo frio como o sargaço
longínquo como o erro dos sábios
circunspecto como a queima do aço.

Era um convir acoito que o véu obriga
pedaço de nada com resto de haveres
abraço tão lasso que a mão castiga
corpos divisos na folha de deveres.

Era haja que não havia no momento
engenho esquecido no matagal da sorte
conjuntura deposta na soma do tempo
selo de carinho com vestígio de morte.

Morto nos olhos que ninguém visita
o resigno duma alma e mais uma
duas sem uma e nenhuma que grita
um beijo de dor que suprime a suma.

Fernando Oliveira

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